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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

NÃO SEI




TAMBÉM NÃO SEI
Ysolda Cabral


Por que razão nós dois brigamos tanto?...
Tu não sabes dizer. Também não sei.
Eu só sei que te amo. Mas, meu santo,
nas vezes que brigamos não briguei!

Da voz do vento vem o acalanto
que nos acalma, e a calma vira lei.
E a lei do amor nos cobre com seu manto,
calando o que falaste e o que falei.

Entre cálidos beijos, os abraços
que nos damos são puros como a flor
quando deita dos ventos nos regaços.

Um ao outro nos damos mais amor.
Na voz do vento há paz, e em seus espaços
esquecemos das brigas toda dor!

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Praia de Candeias-PE
Em 30.10.2014
5a.Feira 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

CANÇÃO EM TOM MAIOR



CANÇÃO EM TOM MAIOR
Ysolda Cabral


Minha alma vibra,
meu coração não dribla.
e, assim, repleta de amor,
continuo pela vida.

Até o meu amado;
aquele que inventei,
usando você de protótipo,
sorri e mexe comigo.

Me faz um carinho,
diz o quanto estou bonita...
É que hoje sou poesia!

E, sob lindos raios de sol,
componho esta canção,
em tom maior;
em pleno raiar de mais um dia.

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Praia de Boa Viagem - PE
Linda e perigosa,
não vi um banhista! 
Que coisa triste e horrorosa! 
5a.Feira 16.10.214


terça-feira, 7 de outubro de 2014

MINHA RIVAL




MINHA RIVAL 
Ysolda Cabral 


Da cor marfim enluarada,
em louça lisa e aveludada,
minha rival a todos encantava, 
enquanto, indiferente a toda gente,
ia sendo desnudada.

Fiquei ali parada, indignada! 
O meu amado, arfante, se encantava
por uma perfeita desavergonhada!
Chamei-lhe a atenção e fui ignorada.

Comecei a me descabelar... 
Cheguei a chorar de tanta raiva, 
mas o meu amado nem ligava! 
Fiquei muito, muito decepcionada...

Sai dali correndo, feito louca desgovernada, 
até que, de mim bem perto, escutei uma risada...
Era ele, que divertido me perguntava
se era normal sentir ciúmes assim
por um mudo, mouco e cego manequim.

Aliviou-me o coração.
Não é que ele tinha razão?


AO ENCONTRO DO NADA




AO ENCONTRO DO NADA
Ysolda Cabral



Dia claro, Céu azul... Pelas calçadas as pessoas passam para lá e para cá. Quase ninguém se olha ou cumprimenta. Está todo mundo ligado no mundo virtual que trazem nas mãos. A alienação é tanta que, faz perder o receio dos larápios, em tocaia permanente, nas esquinas das ruas e avenidas da cidade. E o dia tão lindo que ninguém se dá conta, passa lentamente. A sensação que tenho é de que a vida está sendo desperdiçada. Fico triste a pensar no que poderia fazer e tento algo...

Assoviando, sofrivelmente,convoco os pássaros da redondeza, os pombinhos, as corujas, os gatos, os cachorros, até a brisa do Mar para, em uma ação conjunta, fazer as pessoas se darem conta daquilo que perdem e voltarem à vida real. Tudo inútil!

Os pássaros estão cansados de lutar pela sobrevivência na selva de pedras, de máquinas e robóticas. Os cachorros e os gatos morrem a míngua esquecidos em minúsculos apartamentos. Alguns bem cuidados, outros muito maltratados. A brisa que vem do Mar, tem cheiro de sargaço podre e lá de cima as nuvens tristes pairam sobre nós.

Penso no sorriso de antes e no máximo daquilo que nunca fui e sonho novo sonho perdido no tempo que não contempla mais nenhuma possibilidade.

É o caos que em mim se instala. Sou fragmento de alma penada, perdida que, fora do tempo de partida, mas apaixonada pela Vida, não sabe se vai ou se fica. Então, deixa o tempo correr ao encontro do nada.

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Praia de Candeias – PE
Quinta-feira de muito Sol
e pouco caso
02.10.2014


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

VERSOS DE AMOR




VERSOS DE AMOR
Ysolda Cabral


Tu que és poeta, cantor passarinho,
que adora cantar, bem baixinho,
belas canções de amor
que já não canta sozinho,
faças a mim um favor!

Hoje, assim que o sol se por
e as estrelas no Céu surgirem
nos restos do azul que findou,
peço-te mais uns denguinhos,
desde que seja em versinhos
sem as tristezas da dor.

Podem até ser versos livres, 
de algum soneto a caminho!
Dentro deles, teu carinho,
num segundo de eternidade,
onde a felicidade, nitidamente, grite
que a gente se ama de verdade!

Mas não vale sair pela tangente,
lançar mão de metáfora reticente
num português perfeito e erudito,
depois compor o dito por não dito,
o que não me fará nada contente...