“O SOM DA VIDA”
Ysolda Cabral
Estou como orvalho na pétala da flor, me protegendo do sol e
do vento, fazendo da lira motivo pra viver.
Sem muito ter para esperar, uma vez que os sonhos são devaneios
impossíveis e que, " o Andar do Tempo" é implacável, vou vivendo dia
após dia, sem mais ilusões, sem planos e sem objetivos.
Creio estar precisando de silêncio até na escrita... Tudo me deixa aflita, inquieta, agoniada e a
sensação de desencanto dita as novas regras... Já não suporto barulho de
espécie alguma. As buzinas dos carros, no trânsito “engarrafado”, me alucinam.
- Não sei por que as pessoas buzinam tanto quando o trânsito está parado!Tenho
pra mim que é uma maneira de gritarem: Hei! Estou enlouquecendo! Quero sair
daqui! Anda aí! Anda depressa! Vaiiii!!!!
Não percebem que isso só piora?! Mas, enfim...
Nessas ocasiões minha procura pelo silêncio se intensifica e
me empenho obstinadamente nessa procura. Porém, não o encontro. Por vezes um
pouco dele surge na madrugada e me envolve exatamente quando, o sono chega de mansinho e não me permite
desfrutar um pouquinho dele. Seria ciúme?
Ah, o ciúme...!
Na realidade, neste momento, queria o barulho das ondas do
Mar e/ou escutar, novamente, o som das minhas artérias carótidas, levando
sangue ao meu cérebro, advindo do meu coração em sístole, especificamente. Que
coisa espetacular! O som da vida é incrivelmente belo. Completo o escutei
dentro da minha barriga, em sístole e diástole, há exatos vinte e dois anos,
retumbando o ‘’TUM... TUM’’ do mais belo tambor, do meu mundo encantado, o qual
dei o nome de Yauanna.
A ela, minha vida, todo o meu amor!
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Recanto das Letras
Em 14/03/2013
Código do texto: T4187665