BORBOLETA NO CHÃO
Ysolda Cabral
Com a mente vazia e o corpo cansado querendo cama,
a inutilidade do tempo que passo assim me deprime,
me constrange e me tira a espontaneidade...
O desânimo toma conta de mim
e recorrendo aos sonhos, fujo daqui.
Mas, os sonhos sempre são interrompidos
abruptamente e no melhor momento acordo.
Pergunto-me se mereço isso, se é justo...
E a minha consciência, metida
e por demais espaçosa responde que sim.
Fico atenta, fico alerta,
estou incompleta...
De repente me flagro procurando ver,
através da fresta da janela, um pássaro, uma flor...
E o que vejo é mais um dia lindo de sol,
ofuscando uma borboleta amarela que,
de tão desnorteada e perdida
cai no chão.
Alguém pisou nela...
Recebo, com muita alegria, a interação da talentosa poetisa
Angélica Gouvea, a qual agradeço de todo o meu coração acatando a sua
formatação e a modificação de sua classificação para dueto, o que só me honra.
BORBOLETA AO CHÃO
B rilha o sol lá fora
O uça os pássaros cantar
R etire-se desta monotonia
B usque dentro de si a alegria
O re e agradeça por mais um dia
L ivre, no pensamento voce pode voar
E no colorido das borboletas buscar
T oda a energia interior
A ssim ao abrir esta janela
A credite voce nasceu para vencer
O s obstáculos são aprendizado
C om eles seu caminho
é trilhado.
H oje através desta borboleta amarela
A inda é tempo de levantar voo e
O levantar não dara a chance de se pisar nela.
Angélica Gouvea
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E eis que o meu Poeta querido, Oklima, parceiro em tantos
trabalhos literários, chega e deixa um
comentário, tão intenso, tão belo, tão repleto da mais pura poesia e, para mim, tão significavo que, não
poderia deixar de trazê-lo para cá, minha adorada amiga Angélica. Vamos vê-lo nesta tela?
Nesse canto de agora, poeta Ysolda Cabral, você me fez
lembrar de uma frágil borboleta cuja epopeia cuidei de assistir, dias atrás, de
um banco de praça. Era uma borboleta comum, sem maiores produções e interesse
colecionista, de cor amarelecida e tamanho diminuto, tentando alcançar de um
resedá as flores, mas impedida de fazê-lo pelas rajadas do vento que a levava
para longe. Logo que a ventania amainava, ei-la de volta ao flerte das flores,
mais uma vez sendo arrastada pelo sorrateiro vento, que aos trambolhões a
conduzia o mais distante possível das flores da praça. De repente o vento muda
de ideia e de direção. Ah! a pequenina borboleta amarelecida, com que gana
voeja e com que pressa prova o beijo nectáreo dos resedás, das papoulas, dos
cravos e das florescências de um jambeiro! Com que perseverança ela se mantém
no ar, apesar dos tombos, dos esbarros, dos desgarres e da fragilidade das asas
e do silfídico corpo recentemente liberto da crisálida! Frágil, porém forte em
sua decisão. Tremulante, porém firme no alcance de seus desejos. Pequenina e
insignificante, porém imensa e notável na estratégia do recuo e na trama
ardilosa da volta triunfal. Nesse canto de agora, poeta Ysolda Cabral, você me
fez lembrar de uma frágil borboleta de cor amarelecida que vi em nem sei quando
do tempo. Beijando-lhe abraços e lhe abraçando beijos, Odir.
Recanto das Letras
Em 12.08.2013