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sábado, 29 de junho de 2013

ESTADO DE GELO ABSOLUTO


ESTADO DE GELO ABSOLUTO
Ysolda Cabral
  

Sexta-feira de frio intenso. Os dedos meio rígidos sentem dificuldade em digitar. As roupas que ontem, a essa altura, estavam molhadas de suor, hoje também estão umedecidas, mas por conta do gelo da nova central de ar-condicionado. Pense num gelo absoluto! Gelo que gela os ossos, a alma e faz a gente ter saudade da velha central, cuja caldeira jaz em alguma soldadora da cidade. Na rádio-corredor foram esquecidos os assuntos relevantes de ontem. Em primeiro lugar, com audiência absoluta, está a reivindicação do kit-frio, valendo edredom, cachecol, luvas, botas cano curto, cano médio, cano longo... E já que entramos todos pelo cano, um chocolate quente seria de bom tom. E tem mais. Os produtos do kit-frio deverão ser de marcas exclusivas para manter o padrão de qualidade européia e por serem cem por cento em eficiência, uma vez que a eficiência em refrigeração finalmente chegou aqui, como anuncia a eficiente rádio local. No intervalo de cada anúncio, a chamada:''em vista das atuais circunstâncias, aceita-se doações de norte, sul, leste, oeste e de onde mais puderem vir.'' A coisa está tão séria e complicada que é urgente a necessidade. Estamos literalmente numa fria de rachar lábios – impossibilitando os beijos dos finais de semana. Porém, eu estou de olho e vou logo avisando: se eu pegar alguém reclamando desse frio abençoado, tão desejado e há longos dois meses tão esperado, se não lhe quebrar uma cadeira na cabeça chamo o sindicato para por as coisas em ordens. E estamos conversados!!!

Recife-PE
28.06.2013
Em Estado de Frio

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Recanto das Letras em 28/06/2013

Código do texto: T4362581 


quinta-feira, 27 de junho de 2013

AMO UM MENTIROSO




AMO UM MENTIROSO
Ysolda Cabral


Ah, você é tão inteligente!
Eu amo a sua mente,
Mesmo sabendo que mente.
Mente para você e para mim,
Alegremente e descaradamente.

Mentiras inocentes, não reticentes,
Somente para me  ver sorrir...

Mentiras inspiradas assim,
São versos de amor na poesia,
Que traz apenas alegria,
E, às vezes, uma ou outra xingação.
Fazer as pazes é muito fácil...

É só chamar para o beijo, para o abraço,
E acabou-se a confusão.

Recife-PE
26.06.2013

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

O AMOR É - PENSAMENTO MEU


O AMOR É -  PENSAMENTO MEU
Ysolda Cabral


Não se ama mais e nem menos. Ama-se apenas. A gente não sabe como o amor acontece. De repente percebemos que há algo extraordinariamente grande dentro de nós, e, sem saber como aconteceu, transbordamos em felicidade na sua forma mais pura e mais sincera. Não existe meio termo no amor, não existe barganha, nem acordos, nem projetos, nem metas e nem sonhos posto que, o amor é o próprio sonho que se transforma em VIDA. É ele que faz tudo ficar mais intenso, verdadeiro e mais bonito. A sensibilidade aflora e a vida ganha novo sentido; novas cores; novo brilho... O amor traz a paz, por isso é tão raro. Entretanto, mesmo perfeito, o amor requer somente uma única condição: a condição de também ser amado. Fato que, acontecido, requer certos cuidados, muita atenção e muita consideração, sem que isso ocorra de maneira premeditada, intencionada, dirigida, programada... O amor É e na sua simplicidade de SER, nada que não lhe seja igual e espontâneo lhe completa, lhe satisfaz.

Pensamento meu.
  
Recife-PE
26.06.2013



terça-feira, 25 de junho de 2013

SOU INEGOCIÁVEL... BEM, NEM TANTO ASSIM


Crônica dedicada

SOU INEGOCIÁVEL... BEM, NEM TANTO ASSIM!
Ysolda Cabral



Chegou visita, dona Dilça! Era assim que a babá, de nome esquisito  Natanael, avisava à mamãe quando alguém chegava lá em casa de surpresa. Eu, mais que depressa, me preparava para uma rápida apresentação que envolvia música e poesia. Cansada de recitar ‘’ Eu sou pequeninha, tamanho de um botão...  E de cantar ‘’ Um passarinho me ensinou, uma canção feliz, e quando solitária estou, mais triste do que triste sou... ’’ resolvi que, naquele dia não haveria apresentação.

Ysoldinha, venha cá, minha filha! Fingindo não escutar, corri para o meu quarto, e ali fiquei bem quietinha. De repente minha irmã, a toda obediente e certinha, entrou, e, me vendo, avisou à mamãe de imediato. Num instante todos correram para o quarto, tentando me convencer a fazer o show, inutilmente, mesmo considerando todas as propostas tentadoras que me fizeram. Tais como: uma semana comendo todas as minhas guloseimas preferidas e na hora que eu quisesse; andar de bicicleta até onde eu aguentasse; subir nos pés de goiaba da casa de minha tia Olga e no final de semana ir para o sítio de meu avô materno, sem a cartilha do abc e sem a tabuada; e, por aí as propostas iam se fazendo e eu recusando todas.

Até que escutei alguém gritar ‘’ socorro minha madrinha’’! Num minuto cheguei lá fora. Era o garotinho Valdeci (05 anos aprox.), que morava na cerca de avelós, como ele próprio informava, numa estrada conhecida em Caruaru, como Malhada da Caveira, o qual aflito me contava que na sua ‘’casa’’ tinha chegado um ''nenê novinho'' e que sua mãe não tinha nenhum pano pra colocar no seu bumbum. Meu Deus, que tragédia!

Olhei pra mamãe suplicando ajuda e ela mais que depressa foi buscar tudo o que tinha e sabia ser de máxima importância para ajudar a mãe do meu ‘’afilhado’’ naqueles primeiros momentos – afilhado desde o dia que lhe dei um banho, lhe tirei o grude, os piolhos e lhe matriculei numa escola perto de nossa casa.

Quando mamãe chegou com o pacote, eu lhe pedi para ir junto com Valdeci e antes mesmo que ela respondesse, comecei a apresentação do ‘’recital,’’ de um fôlego só. Ao concluir, sem esperar autorização, coloquei os preciosos pacotes,  incluindo o Valdeci, no bagajeiro da minha biscicleta e disparei ao encontro do ''bebê novinho.''   

Ainda hoje sou assim, nunca consegui mudar o meu jeito de ser. Até há uma hora atrás eu havia decidido não escrever mais nenhuma linha e aí recebo as mais lindas rosas, acompanhadas de uma belíssima declaração, e, cá estou a escrever lembranças bobas que farão o meu amor dar risada.


Recife-PE
Em 25.06.2013
Imagem ilustração Google.


Recanto das Letras em 25/06/2013

Código do texto: T4357847 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

CALMA BRASIL!


CALMA BRASIL!
Ysolda Cabral
  


Paira no ar um clima de expectativa, de insegurança, de medo... Não gosto disso! Sinto-me aflita e temo não só pelos meus, como pelos que se arriscam, cuja maioria nem sabe exatamente a razão. 

Hoje, aqui no Recife, em pleno meio dia, vi rostos assustados, os quais corriam apressados para todos os lados. Fiquei triste, muito triste!

Quero a alegria de volta, quero a esperança na vida das pessoas, quero que tudo se resolva da melhor maneira possível. Claro que o povo brasileiro precisa ser tratado com consideração, respeito e ter do Estado melhores serviços, pelos quais sempre pagou bastante caro. Entretanto, não desse jeito.

Os gritos se espalham, a violência também.  Os aproveitadores incitam a baderna, a desordem, o descontrole, os quais poderão atingir esferas jamais imaginadas a qualquer momento. Sei não...

O que sei é que quero PAZ, não quero guerra.  É preciso calma, muita calma!  É preciso que se diga não a violência e ao terror aprendendo a escolher melhor os nossos representantes.

Ora, numa Nação de quase 200 milhões de habitantes, não é possível que não existam pessoas sérias, honestas, éticas, verdadeiras e realmente dignas de nossa confiança, com capacidade para gerir o nosso belo país,  como ele merece e o colocar em  ORDEM, em PROGRESSO e em completa PAZ.


Recife-PE
20.06.2013
Em clima de protesto

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Recanto das Letras em 20/06/2013
Código do texto: T4350907 

terça-feira, 18 de junho de 2013

O JEITINHO FEMININO


O JEITINHO FEMININO
Ysolda Cabral


Minha tia avisou ao marido que precisava de outro fogão. Ele pegou o saxofone e tocou uma canção que havia composto pra ela na madrugada daquele dia. Ela adorou e  sorrindo lhe deu um beijo agradecido, lembrando: precisamos de um novo fogão... 

Dias depois ele chegou e lhe pediu o almoço. Ela, toda carinho, comunicou que havia colocado o fogão na calçada e que o caminhão do lixo acabara de levá-lo. E observou: "Sem fogão, sem almoço!"  Ele sorriu, fez-lhe outra canção e logo providenciou um fogão novo.

Em seu guarda-roupa havia vários ternos novos, bem bonitos e bem caros, porém nunca usados, bem como vários sapatos. Certa ocasião, estava a minha tia no terraço de sua casa quando um pedinte se aproximou e, do portão, perguntou se ela não tinha uma roupinha pra lhe doar. Ela mais que depressa lhe disse para aguardar um minutinho. E lá se foram todos os ternos novos, nunca usados, do meu tio.  Notando o vazio no armário, perguntou pelas roupas. Ela respondeu que estavam com quem as usaria pra sair e passear. Ele sorriu, compôs -lhe outra canção e a levou pra jantar, com as roupas velhas.

Todos esses fatos ela nos contava no último domingo e ríamos muito, até porque lembramos que mamãe fazia o mesmo com as roupas de papai e eu, também, com as do meu ex-marido. Foi quando notamos a esposa de meu irmão sair de fininho... Meu irmão, mais que depressa, olhando feio pra nossa tia, censurou: "Você não tinha outro assunto?"

Ah, nós mulheres! '' Conosco ninguém podemos!''

AURORA E CANÇÃO


AURORA E CANÇÃO
Ysolda Cabral 



Hoje vi a vida  mais bela. Eu vi!
Vi o sol nascer amarelinho,
Quando acordada por um passarinho,
Que cantava na minha janela
Uma canção que jamais ouvi.

Encantada e feliz me levantei.
Alonguei me espreguiçando,
E, querendo um carinho, em você pensei.
Senti suas mãos tocar as minhas...
Entreguei-me ao devaneio adorando. 

Hoje eu vi!  Eu vi a imensidão do Céu,
Caindo sobre o Mar calmo, sem ondas.
Senti que o amor me sonda como quem diz:
O que falta pra você ser feliz?

Hoje eu vi! Vi você, meu amigo,
Sorrindo contente a cantar,
Belas canções de outrora,
Como a disputar com o passarinho,
Minha atenção em plena aurora.

Recife-PE
18.06.2013
Em versos matinais

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Abro a janela de meu coração para receber o soneto "Eu, Passarinho", do poeta Odir Milanez da Cunha - o oklima - numa perfeita interação com o tema tornado poesia em meus versos matinais. Considere-se sempre bem vindo, meu amigo!


EU, PASSARINHO...
Odir Milanez


Matina um sol sem sol. Eu, passarinho,
voo ao vento a te ver pela janela.
Cobre a tua nudez lençóis de linho
que te deixam mais pura e bem mais bela.

Trino trinos de amor. Mais um pouquinho.
Das aves harmonizo uma capela.
Despertas e despertas meu carinho.
Sou de teu corpo nu a sentinela.

Vestes veste diáfana. Diviso
o sacro dos teus seios, cena santa
a parecer porção do paraíso!

Eis que sorris pra mim ternura tanta,
que voo a volta ousando o teu sorriso,
mas pássaro não ri. Apenas canta...

 JPessoa/PB
18.06.2013
oklima

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Sou somente um escriba
que ouve a voz do vento
e versa versos de amor....

Seguindo os passos poéticos da poeta Ysolda Cabral, a quem aplaudo de corpo, alma e coração.

RL em 18/06/2013
Código do texto: T4347176 

À HORA DA PRECE


À HORA DA PRECE
Ysolda Cabral


Hora da Ave-Maria.
Faço uma oração,
Enquanto rego a hortelã Bonita,
Como faço todo dia.

Sinto seu cheiro, sinto saudade...
Sou, na verdade,
Um barco à deriva,
sem rumo, sem direção.
Ah, sou somente aflição!

Tento compor um poema,
Perco-me na rima,
Desvio-me do tema
E do prenúncio da prece.

De reza desfeita,
 desfaço a novena.
À prece mal feita
me cabe o castigo.

Contudo, não ligo.
Sou mesmo o que digo:
Eu só quero você,
Sonhando comigo!

Recife/PE
17/06/2013
ysolda

RL em 17/06/2013

Código do texto: T4346341 

sábado, 15 de junho de 2013

EU TE AMO ASSIM




EU TE AMO ASSIM
Ysolda Cabral

 A despeito do que digo,
Peito o destino e o desafio
A mudar o que sinto.

Ah, sinto um amor tão bonito,
Tão sublime e tão perfeito,
Um amor tão sereno e verdadeiro,
Que até tenho medo!

Medo de que assim não sintas,
atribuindo a devaneios meus, e mintas,
Dizendo que em meu amor acreditas...

Um amor tão grande assim
não podes preterir ou duvidar.
E mesmo sem não ter como provar,
Posso afirmar te amar bem mais que a mim!

 Recife-PE

15.06.2013

AMOR PERFEITO



AMOR PERFEITO
Ysolda Cabral


Na parede três quadros empoeirados.
Três retratos, três rastros indefinidos. 
Não são tristes e nem quadrados,
São largos traços de vida entrelaçados.

Marcas do passado neles contidas.
Registro de momentos, nem tão antigos.
Ao olhá-los vago, me perco em versos
Desconexos, sem sentido, repetidos.

Perdendo-me em pensamento, divago.
Entre a natureza morta, não choro, sorrio!
Volto ao presente, sonho  futuro...
Ainda distante vislumbro sorrisos.

Encontro-te e me encontro contigo.
Encontrando-nos apaixonadamente!
Constato: somos felizes infinitamente,
No mais puro e perfeito amor da gente.



Recanto das Letras em 15/06/2013

Código do texto: T4342566 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

SAUDADE SENHORA


SAUDADE SENHORA
Ysolda Cabral 


O amor transborda peito afora,
Não posso compor a canção agora
Pela forte  emoção que me aflora.
Ela levou a inspiração, isso apavora!

Louca sou, estou!  Confundindo as horas.
Sonho tuas mãos. Sei que me tocas.
Entrego-me... Você me renova, me revigora,
Me faz mulher, é isso que importa.

Meu corpo é chama que me devora,
Meu coração  triste chora,
Por não entender você ir embora,
Deixando uma saudade senhora.

Havia tanto a dizer naquela hora!...
Sem tempo... Ah, memória!
Será que disse amo você
Antes de você ir embora? 


Recife-PE
12.06.2013
Apenas Poesia
 
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quarta-feira, 12 de junho de 2013

SANTO ANTONIO, QUE DECEPÇÃO!



SANTO ANTONIO, QUE DECEPÇÃO!
Ysolda Cabral


É véspera de Santo Antonio. Não vejo nenhuma fogueira, nenhum balão, nenhuma bandeirinha. Nenhuma brincadeira de adivinhação. Absolutamente nada que indique uma das festas folclóricas mais bonitas, mais mágicas do povo nordestino.

Ah, destino!...

Lá fora chove chuva raivosa ou algo assim. Coisa da Natureza em retaliação? Eu não sei! Só sei que a noite é estranha, esquisita. Nela não há encantamento ou emoção.O sentimento é de tristeza e desamparo...

Estou reflexiva com as coisas da vida. Filosofar em momentos assim, não me parece ruim.

Não há música e nem diapasão...  Sem afinação!

Também não escuto trovão, nem fogos de artifícios, apenas ruídos sem poesia e sem inspiração.

Contudo, sinto você comigo. O que pode querer mais o meu coração?  

Recife-PE
12.06.2013
Sob Dilúvio

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Recanto das Letras em 12/06/2013

Código do texto: T4338633 

COISAS DE QUEM AMA


COISAS DE QUEM AMA
Ysolda Cabral



Uma hora da manhã.  Fecho os olhos e tento dormir... Duas horas da manhã. Nova tentativa faço. E assim as horas se passaram e o sono não chegou. A expectativa do nosso primeiro encontro era tão grande que, naquela madrugada não consegui relaxar e a manhã, de pura pirraça, demorou a clarear. Quando finalmente clareou, o cansaço me derrubou e dormi horas seguidas sem parar.

Vi você chegar de mansinho, segurar as minhas mãos e de repente tudo fez sentido. O Vento, fazendo festa em meus cabelos, dizia para aproveitar bem o momento, o qual jamais se repetiria. Aproveitei.

E, sentindo a sua energia, correr em minhas veias, renovando o amor que já nasceu comigo pra ser seu, fui a mais feliz de todas as namoradas que um dia existiu.

De repente a necessidade de dormir é saciada e o adiantado da hora me sacode.

Acordo do sonho mais lindo que dormindo já vivi.

Coisas de adolescente?Claro que não!

Coisas de quem ama.

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Feliz  '' Dia dos Namorados''  !


segunda-feira, 10 de junho de 2013

VESTIDO MATUTO É VESTIDO DE SONHO



VESTIDO MATUTO É VESTIDO DE SONHO
Ysolda Cabral 



Há em mim uma expectativa, um desejo com misto de alegria e tristeza todo ano neste período. Hoje, isso ficou tão evidente que me policiei para não sucumbir, nem de um jeito e nem de outro. Coisas do mês de Junho, que trás com ele as festas juninas, tão esperadas por todo caruaruense que se preza mesmo que, nem de longe, lembrem mais os ''São Joãos''de quando eu era pouco mais de uma menina.

No pernambucano, tanto o frevo como o forró está no sangue. Em mim não é diferente e gostaria de só uma vez, apenas uma vez, me esbaldar pra valer nesses dois períodos e esquecer as dores do mundo. Nunca consegui! Todo ano eu digo: agora vou e não vou. Parece mais praga, mandinga feita... Sei lá!

Contudo, a expectativa do ‘’vou não vou’’ ninguém me tira. É muito bom sentir isso de forma intensa e natural. E, mesmo sem muito participar, nem do Carnaval e pouco das festas juninas, de alguma forma estive em  todas elas. Seja no pensamento, na poesia ou nos preparativos do faz de conta que vou. Tipo; decorar a casa, pensar nas roupas matutas que poderia vestir para a ocasião e nas comidas pra fazer... 

Ah, as comidas! Adoro uma pamonha, uma canjica, um munguzá, um milho verde cozido... E o pé-de-moleque?!  Nossa Senhora! Como era bom ajudar mamãe a fazer a pamonha, a canjica! O ponto alto era o ponto dado certo e assim começava a festa. Festa danada de boa!

Depois de tudo pronto, nos preparávamos para dançar quadrilha, vestindo um lindo vestido matuto, - ninguém se incomodva de vestir igual -   e, com uma rosa nos cabelos, estávamos todas prontas para viver um belo e animado sonho.

Há pouco, fui almoçar e todas as garçonetes do restuarante estavam caracterizadas de matutas, como se fossem dançar com Antonio, João e Pedro a qualquer momento.  Vi tanto desagrado em seus semblantes!

Solidária a esse sentimento, perdi a fome.

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Recanto das Letras em  10/06/2013

Código do texto: T4334567 

domingo, 9 de junho de 2013

POR DE SOL E ORAÇÃO



















POR DE SOL E ORAÇÃO
Ysolda Cabral



Por do sol e oração na tarde fria
Abraço você e rezo a Ave Maria
Esqueço o mundo que ficou lá fora
E agradeço a felicidade do agora 

Por de sol e oração na tarde fria
Promete uma perfeita noite estrelada
Muito aconchego... Uma canção de ninar
Canta pra mim sem cansar,  sem parar

Por de sol e oração na tarde fria
Meu coração é esperança, é alegria
De vivermos muitos outros dias
Repletos de infinito amor e poesia

Por de sol e oração na tarde fria
Abraço você e rezo a Ave Maria
Esqueço o mundo que ficou lá fora
E agradeço a felicidade do agora.


Recife-PE
09.06.2013
Amor e Poesia

Recanto das Letras  em 09/06/2013
Código do texto: T4333064


sexta-feira, 7 de junho de 2013

TERRA DO NUNCA MAIS



TERRA DO NUNCA MAIS
Ysolda Cabral


Verde, amarelo...
Azul, lilás...
Vinho tinto...
Cálice!

Barro ou cristal?

Mágoas,
Feridas,
Sol e Luas...

Cure-se!
Inunde-se...

O planeta
De mais branco,
De menos ais...

Vermelho no sangue,
Dentro de veias
Poéticas e todas...  Serem iguais!

Com colméia,
Mar sem onda
Com Botos e Sereias...

Terra do Nunca Mais.

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Recife-PE
07.12.2013
Madrugada em Reedição

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Recanto das Letras em 07/06/2013

Código do texto: T4329214 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

SERÁ QUE MORRI?



SERÁ QUE MORRI?
Ysolda Cabral



No espelho retrovisor, minha cara. Que cara esquisita! Essa cara não é minha. Tirei os óculos, limpei suas lentes. Recoloquei-os. Olhei novamente, atentamente, e, antes que minha mente processasse a imagem, o trânsito andou. Nem a buzina de um condutor mal educado, nem o seu grito me aborreceram. Estava preocupada demais com a cara que há pouco vi no retrovisor do meu carro.

Aquela cara, decididamente,  não era a minha! Mais de jeito nenhum! Nunca fui de ter duas caras! Ponderei.  Fui de ter muitas, várias, como todo mundo. Cara de criança, cara de adolescente, cara de mulher que nunca abriu mão de um batom vermelho, só ultimamente... Cara de mãe...

Mas a cara que eu vi era de uma completa desconhecida. Liguei a seta para a esquerda e retornei. Em casa, tirei os óculos escuros, coloquei o de uso sem sol e corri para o espelho do banheiro. Lá estava a minha cara igualzinha. Igual, igual, também não!  É exagero.Contudo, era a minha cara com certeza!

Fui até a cozinha, comi uma pequena fatia de bolo de brigadeiro pra me acalmar, bebi um pouco de coca-cola zero – pra dá o equilíbrio – e, corri pro carro. Já estava atrasada para o trabalho. Antes de dar a partida, toda contente e feliz da vida, me olhei novamente no retrovisor. Perdi a fala, os movimentos... Pensei: estou acabada. Será que morri?

Vi minha filha da janela do seu quarto fazer um aceno e pedir para que eu não fosse ainda. Aquilo me doeu demais. Senti o Tum... Tum do Tambor do Encantado disparar. Como? Eu não estava morta?! Tentei me mexer. Não consegui. De repente escutei a voz de minha filha junto de mim que dizia:

- Mamãe pegue o seu óculos e devolva o meu!



Recanto das Letras l em 06/06/2013

Código do texto: T4327881 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A VELHA CALDEIRA NO JARDIM



A VELHA CALDEIRA NO JARDIM
Ysolda Cabral



A velha caldeira no jardim sob a chuva fina demonstra certa dignidade que me comove, me fascina. Grande vaso metálico para aquecimento de líquidos, agora jogado pela inutilidade aguarda o seu destino. Com certeza um Ferro Velho qualquer, onde deverá ser retalhado e vendido por trocados, para servir de solda a veículos usados, baldes, vasilhas... A chuva, agora mais forte, lava sua carcaça e um triste verde se descobre... Eu me pergunto como um objeto inanimado pode me levar às lágrimas e a querer lhe agradecer a companhia por mais de vinte anos. Companhia nem sempre agradável, diga-se de passagem...  Ora quente, em tempos quentes; ora frio em tempos frios, sempre trabalhando obstinadamente o contrário daquilo que deveria. Mas, enfim, lá está a velha Caldeira sob a chuva forte, que alaga a rua, invade os prédios e lhe revela a beleza imponente e intacta.

Ela sorri e eu choro ao vê-la daqui indo embora...  
  
Recife-PE
05.06.2013
Foto: Thiago Medeiros

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Recanto das Letrasl em 05/06/2013

Código do texto: T4326284 

terça-feira, 4 de junho de 2013

RONCOS DE BRINCADEIRA

 

RONCOS DE BRINCADEIRA
Ysolda Cabral
 

Melhor que um dia claro e aquecido por lindos Raios de Sol nos convidando ao banho de Mar, é escutar a sua voz, antes do meio-dia, a me dizer "eu te amo", com o coração a regar o amor que a gente sente com carinho e muita alegria.

Melhor que um dia claro, de temperatura quente e envolvente, é escutar a sua risada quando lhe digo: ô  rapaz, eu nem sabia que tanto assim você me amava, me queria!...

Melhor que um dia claro, desimpedido de tristeza e saudade, é saber que o amor ainda existe de maneira simples, pura e saudável.

Melhor que um dia claro e aquecido por lindos Raios de Sol é nos saber unidos e imortais nos versos que compomos, até mesmo naqueles ausentes de nós, em outros varais...

Melhor que um dia claro e aquecido por lindos Raios de Sol é ver, pela fresta da janela, o tempo passar sem nos assustar. 

Melhor que um dia claro e aquecido por lindos Raios de Sol é me saber inteira, depois das trovoadas da noite passada, no sonho de roncos de brincadeira.

Melhor que um dia claro e aquecido por lindos Raios de Sol é me saber amada e amando pela vez primeira.


Recife-PE
04.06.2013
Apenas Poesia