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sexta-feira, 25 de abril de 2014

RESTOS DE BRIGADEIRO



RESTOS DE BRIGADEIRO
Ysolda Cabral


Há tempo sobrando desperdício no espaço.
Motivo de tristeza, desencanto, enfado.
Num descuido a realidade vem à tona,
verdades doridas nos põe na lona.

Há tempo sobrando desperdício vasto.
A poesia perde a leveza e se inflama,
o dia perde o colorido e parece gasto.
Clamo à paz e ao amor, suas chamas

para que o caso, revelado no acaso,
não cause tanta dor ou desengano,
nem extinga o entendimento do laço.

E o tempo no espaço eu somo
e mais uma decepção eu traço,
com os restos do brigadeiro que como.

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Praia de Candeias - PE 
Em ressaca de festa
5a. Feira - 24.04.2014


segunda-feira, 21 de abril de 2014

SESSENTA ANOS, EU?!





SESSENTA ANOS, EU?!

Ysolda Cabral




A dois dias do meu aniversário de 60 anos me sinto estupefata com toda essa idade sem que eu a perceba. Não consigo nem vê-la através do espelho – mesmo quando o espelho é confiável e nem mesmo quando alguém, por puro despeito ou farra, diz não estar me reconhecendo! Contudo, resolvi que doravante vou passar a contar a minha idade em ordem decrescente e no próximo aniversário farei cinquenta e nove. E assim sucessivamente. Logo estarei nos vinte desta vida ou de outras, se elas existiram pra valer. Pronto! Agora que está tudo definido, projetado, aprovado e com certificado de validade garantida e por tempo indeterminado, posso ir direto ao ponto.

O fato é que, hoje, 20.04.2014, domingo, pra variar, não é um domingo qualquer. É DOMINGO DE PÁSCOA, e daqui a dois dias estarei completando sessenta anos.

- Que coisa incrível! Incrível porque continuo com os mesmos planos, os mesmos sonhos, e muitos sorrisos ainda tenho pra sorrir, eu sei. Não vou desanimar agora, só porque estou no meio do caminho de algum lugar. Ora, se o “Tambor do Encantado’’ continua retumbando só amor, o fato de precisar de um beta-bloqueador nada quer dizer. Quanto à minha irrequieta alma - contagiada pela minha alegria, pelo meu entusiasmo de garota apaixonada pela vida e feliz com ela -, resolve me dar um tempo e me deixar curtir esse momento. Com todos os sentidos em pleno funcionamento, que mais posso querer?

Hum... Ah! Quero um bolo de chocolate, quero brigadeiro, quero flores e compor muita poesia. Quero minha família por perto e quero nesse dia gritar ao mundo que sou feliz, que não estou nem aí para a idade, muito menos para as ‘’garras do tempo’’, pois o que importa, e sempre importou para mim, é essa que sou por dentro e que continua sendo a mesma de sempre.

Diante do exposto e colocado sem pressão, sem depressão e sem pretensão, lembro: ‘’ Se sou assim, muito feliz/ é meu destino que sempre quis/vivo a cantar, brincar também/ só uma coisa, vou confessar/não gosto muito de...”

Bom, como não gostei da rima, Alírio Cabral, mesmo ela sendo verdadeira (ou pelo menos era), vou dizer que o verso da canção que você fez para mim quando ainda era uma menina feia pra danar (a foto ilustração não me deixa mentir), terminou assim: “não gosto muito de arengar.” (Risos)

Bom, chega de abobrinha e vamos aos preparativos para a grandiosa festa!!! 

Praia de Candeias-PE
Em preparativos de festa 
20.04.2014

domingo, 6 de abril de 2014

SÁBADO NO CASSINO DO CHACRINHA


SÁBADO NO CASSINO DO CHACRINHA
Ysolda Cabral



Já o meu sábado qualquer foi um dia muito, muito atarefado. Não descansei um só minuto desde as oito da matina. Por volta das dezoito parei, tomei um banho e exausta me joguei no novo e confortável sofá com saudades do meu velho e fofo sofá.

Quase sem conseguir acionar o controle remoto da TV a cabo, fui parar no canal Viva e dei de cara com o Cassino do Chacrinha na telinha! Nossa, que surpresa!

Deliciei-me com a volta no tempo... Que programa alegre, divertido!

Ouvi belas canções! Revi tantos ídolos! Tim Maia – ainda não tão gordo; Fábio Júnior – lindo de morrer. Kátia, cantando Roberto; Simoní e Jairzinho - ainda bem meninos - cantando Michael Jackson. E a energia contagiante do Leon Jaime! Que bárbaro! 

Ah! e os calouros? Que beleza de calouros a levarem buzinadas numa boa.

Morri de rir com as tiradas do velho guerreiro. E a distribuição dos brindes? Chaveirinhos, feijão, pepino, cenoura, a mandioca da Maria Bethânia quem vai querer, quem vai querer, perguntava ele e todo mundo respondia eu, eu , eu! Tanta alegria, tanta descontração!

No júri adorei rever a Elke Maravilha. A Claúdia Raia, que em nada mudou, também estava de jurada. Ah! E a Monique Evans, de cabelos pretos e curtinhos. Que linda! Que linda!

Foram duas horas de muita música, muita alegria, muita poesia, muita beleza, muita cor, muita luz, muito som e muita saudade de um tempo que não volta mais...

Esqueci o cansaço, porém o sono chegou... 

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Publicado no Recanto das Letras em 05/04/2014
Código do texto: T4757836 
Classificação de conteúdo: seguro

COMO SE FOSSE UM SÁBADO QUALQUER...


COMO SE FOSSE UM SÁBADO QUALQUER...
Odir Milanez



Como se fosse um sábado qualquer
e me escutasse a voz dos violões,
para você cantei velhas canções,
cantigas consagradas à mulher.

Sem para a vida, à volta, olhar sequer,
cantei, curtindo primas e bordões,
polarizando as nossas emoções,
sabendo meu de amor esse mister.

De repente, a manhã hasteia a hora.
As nuvens nebulosas vão embora.
O sol, senhor das chuvas, mais não quer.

Beijando o celular, beijo-lhe a boca.
Desligo e ligo o som do rádio, rouca,
como se fosse um sábado qualquer...


JPessoa/PB
05.04.2014
oklima

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Sou somente um escriba
que escuta a voz do vento
e versa versos de amor...

quinta-feira, 3 de abril de 2014

DIA SEM SOMBRAS




DIA SEM SOMBRAS
Ysolda Cabral


No silêncio hostil do ambiente,
aguço todos os sentidos.
Atenta ao incoveniente,
preparo-me para dirimir mitos.

Ah, espíritos malditos!
Como podem ser tão resistentes
à luz de um dia tão bonito?
Ainda os verei banidos...

Hei de ver!

Há de acontecer do dia anoitecer
livre de sombras de mau agouro,
quando os bocejos serão de sono
e lágrimas não serão de abandono.

É em um dia assim que te quero aqui,
para nunca mais sentirmos dores!
E se te fores, com ou sem flores,
irei contigo para onde tiveres que ir... 

Praia de Candeias
Em ondas de devaneio
03.04.2014



IMPOSTO SOBRE A RENDA



IMPOSTO SOBRE A RENDA
Odir Milanez


Eu peço ao meu amor que compreenda
de meu drama o caráter aflitivo,
os dias meus mirando um só motivo:
esse maldito Imposto sobre a Renda!

Para evitar com o Fisco uma contenda
dos meus parcos acérvulos me privo.
Apesar de você, para quem vivo,
meu coração, que é seu, vou por à venda.

Porém, para vendê-lo, inda é preciso
obstruir dos lábios seus o arquivo,
solapar o sensor de seu sorriso.

Fico só com o ventrículo afetivo
onde avivo sua vida, onde a diviso,
pois sem você, amor, não sobrevivo!...


JPessoa/PB
02.04.2014
oklima

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Sou somente um escriba
que escuta a voz do vento
e versa versos de amor...


terça-feira, 1 de abril de 2014

SEM CANSEIRA



SEM CANSEIRA
Ysolda Cabral


Ei, psiu! Façam algazarra!
Que o dia amanheceu sem canseira,
surpreendente por ser segunda-feira,
muita farra deve ser liberada.

Cantem bastante, antes de voarem,
troquem de árvore, saltitem cem,
duzentas, mil vezes, se precisarem!
Brinquem, cantem bastante e vão além.

E antes que a tarde caia, voltem!
Voltem para os seus ninhos,
eles estarão intactos e quentinhos,
a espera de todos vocês, Passarinhos!

E, se algum, porventura, não retornar,
não se entristeçam e nem se preocupem!
Quem não retornar, encontrou o lugar
perfeito pra definitivamente repousar...

Nada de silêncio e nem de choradeira!
Conversem com todas as Lavandeiras,
elas saberão como fazê-los entender,
que tudo na vida pode e deve acontecer...

Ei, psiu! Façam algazarra...