A PARTIDA DO GUERREIRO FOLIÃO
De: Ysolda Cabral
Pela primeira vez não me entristeci ao tomar conhecimento do
falecimento de um amigo. Um grande e querido amigo. Na verdade, amigo de todos
aqueles que tiveram a sorte de conhecê-lo e de conviver com ele de alguma
maneira – Henry Coelho Soares.
Engenheiro Civil, profissional competente, artista plástico, folião na
vida e não só no Carnaval. Romeu da
Saló, sua Julieta, pois não se cansava de propagar o seu amor pela mulher, pela
cordelista de primeiríssima qualidade, pelos seus filhos e netas e pelos
amigos.
Com Henry não havia tempo ruim. E quando o ''tempo fechava''
ele soltava os ''cachorros'', depois achava graça de sua explosão inofensiva,
divertida, a qual sempre entendíamos como mais uma de suas estripulias, tão
comuns em sua natureza peralta, bondosa e divertida. Vivia para sorrir e fazer sorrir. Vivia para
agradar e conseguia agradar ''gregos e troianos''.
Brincava de tudo e com todos. Vivia cada dia como se
estivesse na mais linda e grandiosa festa, como se fosse à última.
Henry há muito lutava contra o câncer, com coragem e sem
perder a alegria de viver. Até que seu filho se foi, aos trinta e poucos anos,
levado pela mesma doença. A partir de então, em sua alegria, havia tristeza.
Muita tristeza e ele sofria, sofria mais que sorria.
O mundo não mais lhe cabia, apesar da valentia. Partiu, no
último dia 28 de julho de 2012, deixando saudades, muitas saudades mesmo.
Entretanto, a certeza de que foi para viver novamente com alegria, nos deixa
seguros e convictos de que a vida aqui, um dia tem que acabar para todos.
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Publicado no Recanto das Letras em 30/07/2012
Código do texto: T3804555