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terça-feira, 2 de outubro de 2012

ENTRE DOIS AMORES



ENTRE DOIS AMORES
Ysolda Cabral


Deixando apenas um beijo pra beijar o dia inteiro, fui ao seu encontro. O dia estava lindo como nunca estivera. O Sol que chegara de mansinho, já iluminava tudo.

- Parecia até um complô ao seu favor!

Contudo, ao chegar ao local do nosso encontro, dei-me conta que o Céu descia sobre você como se estivesse a lhe esconder de mim. Parei. Olhei para um lado e para o outro. Respirei fundo e sem conseguir mais me segurar, corri pra você. Ou, pelo menos para onde eu achava que você estivesse.

O Sol, sem me dar chance alguma, me acertou um de seus raios.

- Quase me derrubou. Teria o Céu mandado? 

- Haja conjecturas!

Sem entender o que acontecia, não desisti. Mesmo ofuscada, quase tateando, recorri a um dos meus cinco sentidos, o mais poderoso de todos que possuo, e, pelo seu cheiro, cheguei até você.

- Nossa, que alegria e que emoção!

E, com a segurança de quem sabe que é amada, quis mergulhar em você, sem preliminares. Senti de imediato, você frio, muito frio. Um frio gelado, em quase pleno meio dia, de um dia lindo e encantado.

- O coração disparou e todo o meu corpo se arrepiou, mas não desisti!

E, com a intuição dos que traem e pecam, percebi: você já sabia que meu coração estava numa divisão das mais bonitas e infernais...

Então, com a compreensão de quem ama de maneira plena, achando até que meu castigo estava de bom tamanho, você me sorriu ondas e me acolheu com gosto de lágrimas, me dando boas vindas.

Entreguei-me feliz,  de corpo, alma e coração. Porém, compreendendo que você sabia que eu, ao emergir, me entregaria à poesia que me aguardava.


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Publicado no Recanto das Letras em 30/09/2012
Código do texto: T3908881
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