ATELIÊ DO POETA
De: Ysolda Cabral
Excessivamente trágico e belo,
o poeta sem vacilação se desnuda,
tal qual um paciente sem cura,
se prepara pra compor outra veste.
Com fios de versos desesperados tece
o que lhe servirá de
mortalha.
O molde recorta com navalha,
e, costura bordando rosas pra ela.
Faz uma pausa... Se sente sozinho.
Da mulher amada... Pensa um carinho.
Saudade, lágrima e desalinho.
O ataúde num canto não é quimera.
Para lá se dirige o olhar do poeta,
e, conclui: há vida aqui.
Ele espera!
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Publicado no Recanto das Letras em 16/08/2012
Código do texto: T3833386